domingo, 24 de julho de 2011

A morte (anunciada?) de Amy Winehouse


Alguma cantora negra com voz poderosa reencarnou no corpo da branquela inglesa Amy Jade Winehouse. Quem gosta de Soul, Jazz e Blues, daquelas músicas antigas cantadas por vozes cabulosas vindas de gargantas do naipe de Etta James, Sarah Vaughan e outras, se encantou com aquela moça despombalizada, que ao morrer jovem, virou Diva. Janis Joplin agora tem com quem farrear no além.


Até 2007 eu apenas ouvia falar dessa criatura e me limitava a isso. A partir daí, passei a saber quem era, mas não por causa de sua música, mas sim devido aos seus escândalos. Um dos blogs que acesso (www.papelpop.com) era praticamente especializado em postar fotos comprometedoras e muito pouco dignas da moça, toda bêbada, drogada, espancada, cagada e mijada.


Amy podia ser uma Lady Gaga ao contrário: esta costuma provocar meticulosamente os choques à sociedade com seus modelitos, enquanto Amy enfiava o pé, a buceta e o corpo todo dentro da jaca...


Um belo dia, cansei de ver tantas fotos ridículas e sem um pingo de dignidade (a moça apanhava e batia no marido e as brigas do casal iam parar na delegacia e na imprensa) e perguntei a uma amiga que tipo de música essa criatura fazia para estar em tanta evidência.

Ao ouvir "Rehab", mal pude acreditar. Aquela voz não era de nosso tempo. Dignidade, vergonha, respeito, amor próprio e outros predicados não podiam combinar com uma voz daquelas. Não cheguei a me tornar um fã (Rehab é a única música dela que gosto) mas passei a levar em alta conta aquela voz, que definitivamente errou o alvo quando encarnou aqui na terra.


O desenrolar da carreira desta jovem coalhada de fatos lamentáveis mostram que o sucesso, tão buscado e almejado por muitos (com talento ou não) pode ser a ruína e destruição para quem não tem estrutura moral para suportá-lo. O sucesso trouxe péssimas companhias, um marido escroto, muitas drogas e bebidas. Amy era uma moça bonita no começo de sua carreira. Tornou-se uma mulher destruída a olhos vistos e aparentemente não se importava em expor sua degeneração ao vivo e diariamente, apesar das tentativas de se desintoxicar (as internações partiram dela? ou da família preocupada com sua saúde? ou dos empresários com medo da galinha de ovos de ouro acabar?)


Que sirva de lição àquelas pessoas que aspiram à celebridade. Amy pelo menos tinha um talento incrível. E quem não tem e deseja se manter nos holofotes a qualquer custo? Vê se agora consegue descansar, Amy. E que a próxima criatura abençoada com sua voz consiga fazer melhor proveito dela.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Gilbert O'Sullivan FOREVER


Quem é esse cantor? Hoje, ninguém sabe, ninguém viu. Mas as novas gerações tiveram a oportunidade de ouvir a belíssima "Alone Again - Naturally" durante o divertido "A Era do Gelo 3", no momento em que o esquilo Scrat vivia o romance(?) com sua namorada pistoleira.

Além desta música inesquecível, aproveitei para trazer outras três, tão bonitas quanto. Graças a Deus ainda temos FMs que tocam flashbacks, em meio a este pântano musical em que estamos atolado nos últimos anos.

Ops, meus colegas de trabalho, que fazem parte das novas gerações, estão me dizendo que não escutam mais FMs e sim as músicas de seus ipods...

1) Alone Again - Naturally



2) What's in a Kiss


3) Clair


4) Nothing Rhymed


Saudades dos tempos em que os artistas se preocupavam mais em fazer música de qualidade do que em serem celebridades, ouviu Lady Gaga?

sábado, 16 de julho de 2011

Volkswagen: uma no cravo, outra na ferradura...

Qualquer estudante de marketing sabe que custa muito menos manter um cliente fiel do que perdê-lo e tentar reconquistá-lo. Mas algumas montadoras brasileiras esqueceram disso.

A Chevrolet mandava e desmandava no segmento de sedãs médios com Monza e Vectra. Cochilou, viu Toyota e Honda tomarem de conta do mercado e quando tentou reagir, seu Astrão, digo, Vectra de 2005 não teve a menor chance.

Pior foi a Volkswagen, que tinha no Golf o sonho de consumo e de luxo de qualquer consumidor de carros Hatch. O emblema alemão não foi suficiente para impedir que o Hyundai i30 derrubasse a porta do mercado a pontapés e roubasse toda a clientela que adorava o Golf há dez anos. Sim, mas nós temos o Golf ainda! Sim, o MESMO fabricado há 13 anos, só fizeram uma gambiarra na frente e traseira (mecânica e interior estacionaram no tempo).

Na Internet, rolam estas duas projeções do sétimo Golf (contagem europeia, claro) para 2013. Dizem que vai comer o rabo do i30 com terra e tudo. Agora vai?



Parece que os alemães resolveram acordar e planejam trazer ao Brasil (juntamente com a Europa) a sétima geração do Golf. Nem se anime, ele não será fabricado aqui, mas sim no México. Se serve de consolo, pelo menos um Golf totalmente novo vai chegar.

Por outro lado, nem gambiarra tiveram coragem de fazer no Polo. Embora na Europa já rodem novíssimos Hatch e Sedan, aqui no Brasil simplesmente resolveram simplificar o parachoque. Só? Só. E nada mais.


O Polo Hatch já não vende quase nada. O sedã vende menos que Linea e City, talvez até o New Fiesta Sedan venda mais. E olhe que o novíssimo Siena ainda não chegou, nem o coisa-feia Sedã da Chevrolet (sim, o Cobalt que será o Agile Sedã).


Então, dona Volks, vai vender polo pra quem??? Queria ter a visão privilegiada de mercado dos alemães, o que será que eles vêem que não vejo? Teria sido melhor deixar como está, não é? O parachoque atual (em formato de "v" é bem mais interessante).


Por outro lado, há quem diga que essas mudanças (?) seriam para ganhar tempo enquanto não chega um Polo novíssimo junto com a Europa. Duvido. Abaixo, fotos da novíssima linha Polo europeia (o hatch roda lá desde 2009). Ao ver estas fotos, você vai se lembra do Fox (que usa a belíssima frente do Polo Europeu).



quarta-feira, 13 de julho de 2011

Gino Vanelli FOREVER

Acho que hoje em dia ninguém sabe quem é esse cantor, nem aqueles que gostam das músicas dele. Da mesma forma que os cabelos foram desaparecendo a cada clipe mostrado abaixo, a fama do cantor também caiu no esquecimento.

Sou muito feliz por ter sido uma criança nos anos 80. Cada LP de novela internacional da Globo era aguardado ansiosamente - e feliz porque minha tia comprava todos!

Gino Vanelli é presença cativa em qualquer programa de flashback e aí estão três músicas que, ao contrário do intérprete, serão inesquecíveis pra sempre.

1) Living Inside Myself


2) I Just Wanna Stop


3) Hurts To Be In Love


Por que hoje não se faz mais música assim?

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Brasileiro tem moral pra reclamar?

Recebi este e-mail e estou colocando aqui no Blog. Logicamente não estou justificando nenhum ato desonesto, mas dá o que pensar...



Tá Reclamando do Lula? do Serra? da Dilma? do Arrruda? do Sarney? do Collor? do Renan? do Palocci?  do Delubio? Da Roseanne Sarney? Dos politicos distritais de Brasilia? do Jucá? do Kassab? dos mais 300 picaretas do Congresso? 
Brasileiro reclama de quê?
O Brasileiro é assim:

A- Coloca nome em trabalho que não fez.

B- Coloca nome de colega que faltou em lista de presença.

C- Paga para alguém fazer seus trabalhos.

1. - Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas.

2. - Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas.

3. - Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração.

4. - Troca voto por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, e até dentadura.

5. - Fala no celular enquanto dirige.

6. - Usa o telefone da empresa onde trabalha para ligar para o celular dos amigos (me dá um toque que eu retorno...) - assim o amigo não gasta nada.

7. - Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento.

8. - Para em filas duplas, triplas, em frente às escolas.

9. - Viola a lei do silêncio.

10. - Dirige após consumir bebida alcoólica.

11. - Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas.

12. - Espalha churrasqueira, mesas, nas calçadas.

13. - Pega atestado médico sem estar doente, só para faltar ao trabalho.

14. - Faz "gato " de luz, de água e de tv a cabo.

15. - Registra imóveis no cartório num valor abaixo do comprado, muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos.

16. - Compra recibo para abater na declaração de renda para pagar menos imposto.

17. - Muda a cor da pele para ingressar na universidade através do sistema de cotas.

18. - Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou 10, pede nota fiscal de 20.

19. - Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes.

20. - Estaciona em vagas exclusivas para deficientes.

21.. - Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se
fosse pouco rodado.

22. - Compra produtos pirata com a plena consciência de que são pirata.

23. - Substitui o catalisador do carro por um que só tem a casca.

24. - Diminui a idade do filho para que este passe por baixo da roleta do ônibus, sem pagar passagem.

25. - Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA.

26. - Frequenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho.

27. - Leva das empresas onde trabalha, pequenos objetos, como clipes, envelopes, canetas, lápis... como se isso não fosse roubo.

28. - Comercializa os vales-transporte e vales-refeição que recebe das empresas onde trabalha.

29. - Falsifica tudo, tudo mesmo... só não falsifica aquilo que ainda não foi inventado.

30. - Quando volta do exterior, nunca diz a verdade quando o fiscal aduaneiro pergunta o que traz na bagagem.

31. - Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve.

E quer que os políticos sejam honestos....

Escandaliza-se com o mensalão, o dinheiro na cueca, a farra  das passagens aéreas...

Esses políticos que aí estão saíram do meio desse mesmo povo, ou não?

Brasileiro reclama de quê, afinal?

E é a mais pura verdade, isso que é o pior! Então sugiro adotarmos uma mudança de comportamento, começando por nós mesmos, onde for necessário!

Vamos dar o bom exemplo!
Espalhe essa idéia!
"Fala-se tanto da necessidade deixar um planeta melhor para os nossos filhos e esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores (educados, honestos, dignos, éticos, responsáveis) para o nosso planeta, através dos nossos exemplos...." 

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Sinéad O'Connor 20 anos depois

Como o tempo pode ser inclemente e cruel...


Não, essa daí não é Susan Boyle, é a ex-careca Sinéad O'Connor com 44 anos e muitos quilos a mais.

Para quem não lembra, vejam abaixo o maior sucesso dela (Nothing Compares 2U) em pleno 1991:



Eita, a adolescência de muita gente acaba de ser destruída, né? Meus amigos, depois dessa, comecem a se cuidar desde hoje...

Qual a mais verdadeira de todas as religiões?

Este é um belo texto, independente de qualquer que seja sua crença religiosa (ou falta dela). Foi publicado no blog da Tribuna da Imprensa (o link direto para o post é http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=20515)


Muito temos debatido aqui no blog sobre Deus e religião. E agora o comentarista J. E. O. Bruno nos envia um belo texto de Mário Ferreira dos Santos.

Carlos Newton
Mário Ferreira dos Santos  (1907-1968) foi um importante intelectual paulista, criador do sistema da Filosofia Concreta. Escreveu muitos livros sobre várias áreas do conhecimento, como Filosofia, Psicologia, Oratória, Ontologia e Lógica, publicados com recursos próprios sob o nome “Enciclopédia de Ciências Filosóficas e Sociais”.
Segundo Mário Ferreira dos Santos, sua Filosofia Concreta seria completamente baseada na lógica, não havendo possibilidade de discordância de seus pressupostos, a que chamou “teses”, de forma que a primeira delas é a fundamentação de toda a sua filosofia: “Alguma coisa há, e o nada absoluto não há”, da qual extrai outras teses, passando pelos principais tópicos da Filosofia.
***
QUAL É A MAIS VERDADEIRA DAS RELIGIÕES?
Mário Ferreira dos Santos
Eu tinha um aluno, dos mais inteligentes, que havia revelado o maior talento para a Filosofia, e me parecia que ele aceitava plenamente tudo o que eu propunha e dava em aula. Um dia ele pediu um encontro particular, veio a minha casa e me disse: “Professor, eu quero avisar-lhe que vou deixar de freqüentar as suas aulas”.
“Pois não, qual é o motivo?”, perguntei, e ele respondeu: “Eu perdi a fé,  não creio mais, não posso admitir nenhum fundamento na religião, no cristianismo, primeiro porque Cristo para mim não tem nenhum sentido histórico, Cristo não existiu, Cristo é uma invenção”.
Prosseguiu dizendo que nesta vida devia se procurar os frutos que ela pode dar, porque só aqui é que vamos colhê-los, porque a outra não existia. Ele estava completamente descrente. “Bem”, disse para o jovem, “fico muito satisfeito por um lado e triste por outro. Triste por saber que você chegou a este ponto, mas satisfeito pela sua atitude honesta de vir comunicar-me esta sua posição atual, mas me permita que fale um pouco, que lhe diga alguma coisa”.
Disse: “Então vamos examinar Cristo por um ângulo fora da religião, vamos examinar Cristo pelo ângulo puramente estético. Olhamos assim os personagens criados pela literatura através dos tempos e veremos que nenhum desses personagens, você pode escolher qualquer um, o que quiser, Lohengrin. Don Quixote etc., nenhuma desses personagens apresenta a grandeza da vida de Cristo”.
Naturalmente não vou relatar os detalhes da conversa, não há necessidade. Falei sobre a vida de Cristo, a grandeza de Cristo, a sua primeira manifestação nas bodas de Caná, Cristo ante a adúltera, Cristo nas suas pregações, Cristo através de todo tempo etc. Mostrei, por exemplo, que Don Quixote adequava-se a uma determina época, mas não teria sentido, por exemplo, dentro da sociedade atual. Mas que observasse que também a “Crítica da razão pura”, de Kant estaria adequada a época em que foi feita, imagine ela feita na época das Cruzadas, não teria nenhum sentido, nenhuma adequação com a época.
Prossegui: “Podemos citar vários exemplos dessa espécie, que é um aspecto histórico, mas você observa que Cristo não tem essa historicidade, que Cristo vence a história, que Cristo podia vir hoje, que Cristo podia ainda hoje estar pregando, que Cristo podia estar seguindo pelos caminhos do mundo a pregar para as multidões, a apurá-las a fazer o bem, Cristo é eternamente atual, tem uma atualidade que ultrapassa ao tempo. Além de que você não pode negar que Cristo corresponde perfeitamente ao arquétipo que você tem, que você deve ter, que é humano, o arquétipo do grande santo, o arquetipo do grande herói, o arquetipo do grande sábio. Nós vemos Cristo representar este arquetipo em todos os aspectos, você não pode me negar a verdade arquetípica de Cristo. Ele corresponde a estes arquétipos, você não pode ofender Cristo, você não pode chegar a negar o valor deste homem, você teria que reconhecer que esta personagem, se tivesse existido, você lhe prestaria homenagem”.
Ele foi concordando, não podia deixar de concordar, então eu disse: “Vamos partir da verdade arquetípica de Cristo, como o maior exemplo do sábio, do santo e do herói. Basta-me isto para que possamos daí levar avante e recuperar o que você perdeu”.
“Eu aceito tudo isso, mas a historicidade dele, não”, replicou.
Insisti: “Mas não preciso da historicidade dele, Cristo é uma verdade humana dentro de todos nós, todos nós o desejamos, todos nós queremos este sábio, este santo, este herói, todos nós marchamos para ele. Você pode negar a historicidade como quiser, mas você não pode negar a si mesmo, não pode negar a sua própria realidade, é o seu coração que pede, é todo o seu ser que clama por isso, você gostaria que fosse assim, você queria um mundo cristão, você queria um mundo em que os homens se amassem uns aos outros, você queria um mundo em que todos se compreendessem, um mundo de reconciliações, um mundo em que os homens se reconciliassem com a vida e uns com os outros, você não pode negar que tem que sentir este desejo, isto também é uma arquetipo dentro de você, é um arquetipo social que você tem”.
Ele não pôde negar, não podia negar, porque era honesto, já o fora na atitude que havia tomado para comigo e assim tinha que prosseguir. Este homem foi recuperado, voltou-lhe a fé, ele reencontrou a fé através dos arquétipos.
Pois bem, estes arquetipos que hoje são estudados profundamente na psicologia analítica não devemos temê-los, eles são nossos também, também fazem parte das nossas verdades. Estes arquétipos, à proporção que a psicologia analítica neles invade, vai se aproximando também dos princípios arquetípicos que constituem a Matese, e nós podemos reduzi-los mais adiante a princípios matéticos, como tenho feito na minha obra. Veremos que por todos os caminhos do homem até por aqueles que descem o homem, podem ser dirigidos por Deus e este é o ponto fundamental.
Eu tenho um pensamento de religião que talvez seja um pouco diferente, mas é o meu pensamento, e quero ser honesto em dizer qual é. Eu sigo o pensamento dos pitagóricos quanto à religião, eles não foram homens que construíram uma religião, nem pretenderam fazê-la, porque Pitágoras respeitava as religiões existentes, e ele somente anunciava que viria uma religião, uma religião que seria universal. Então perguntaram se era ele o homem que deveria fazer esta religião e ele disse: “Não, sou apenas um anunciador da nova fé”
Perguntaram: “Quais os sinais que nos dás para que reconheçamos quando surgir esta nova religião?” Ele disse: “Será aquela que for a mais verdadeira das religiões”. “E qual é a mais verdadeira das religiões?”, insistiram. “A mais verdadeira das religiões é aquela que ensina o homem a assemelhar-se a Deus.Porque só nos engrandecemos à proporção que Dele nos aproximamos e que Dele nos assemelhamos, e Dele nos afastamos à proporção que Dele nos dissemelhamos”.
Dizia Pitágoras aos seus discípulos: “Assemelhai-vos a Deus, assemelhai-vos ao Ser Supremo que é oniperfeito, e cada um de vossos atos perfeitos que seja uma oferta ao Ser Supremo, e estareis, então, prestando-lhe a homenagem que lhe é devida”.

sábado, 2 de julho de 2011

Nova frente no FORD KA


A antiga baratinha ganhou maquiagem na frente. Ficou mais bonito, alinhado à nova linha de design que a Ford vem praticando (Focus, Fiesta). Até que ficou simpático!


Para não dizer que só falei de flores, fizeram na lanterna traseira o mesmo desserviço praticado no Fiesta Sedan: deixaram tudo escuro. Muito cafona, mas tem quem goste. DIZEM que custará a partir de R$ 24.500 equipado com quatro rodas, bancos para motorista e passageiro e motor 1.0... rsrsrsrss...


A mudança não foi tão grande porque a montadora americana trama um substituto para o carrinho que chegaria em 2014, totalmente modificado, talvez até o nome mude. Até lá, as universitárias continuarão clientes cativas do pequeno Ford.

Itamar Franco: descanse em paz.

Morreu hoje, às 10h15 o último presidente sério que esse país teve (Dilma começou agora, não dá pra avaliar ainda).

Itamar Franco foi o PAI do Plano Real, não importa o que digam as viúvas de FHC. Após a renúncia de Fernando Collor, montou um governo de coalizão, devolveu o país à tranquilidade, foi um presidente honesto e nacionalista, além de ter iniciado todo o processo de estabilidade econômica que dura até hoje.

Os malvados também vão dizer que foi o presidente do Fusca e da Lilian Ramos, aquela moça que apareceu sem calcinha ao lado do homem no carnaval de 1994. Enfim, em tudo há mais de um lado, né?


Itamar foi um político mineiro que despontou nacionalmente como senador eleito em 1974 pelo MDB (naquela surra que o povo deu na ditadura em pleno governo Geisel). Em 1989 Collor o escolheu para o papel decorativo de vice por conta dos votos de Minas Gerais. Mas nem imaginava que levava uma serpente a tiracolo.

Analistas políticos são unânimes em afirmar que Itamar dedicou todos os dias de vice-presidência na tentativa de derrubar o homem dos descamisados. Dizem também que o Homem do Topete esteve por trás de conchavos e alianças políticas que culminaram sequencialmente na CPI e logo depois, impeachment de Collor. Mas essas são fofocas, não há provas.

O que importa é que o Homem do Topete subiu a rampa do Palácio do Planalto e montou um governo de coalizão. O PT até que tentou participar, mas como petista é uma raça ruim, logo eles pularam fora. Aliás, recordar é viver: O PT foi CONTRA o Plano Real, não importa o que Lula e Dilma digam hoje. Passado é Passado. E mais uma vez, recordar é viver (ainda mais num país sem memória como o nosso).

Falando no Plano Real, alguém lembra de como tudo começou? Em 1993, o Brasil estava com taxas de inflação altíssimas e nada parecia dar jeito. Então, o PSDB indicou para o Ministério da Economia o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, então senador. FHC não entendia PORRA NENHUMA de economia, mas alguém precisa entender de alguma coisa nos acordos políticos? O PSDB apoiava Itamar e indicou o sociólogo. Itamar aceitou.


Aceitou porque FHC NÃO era burro. O sociólogo se cercou com uma equipe de economistas competentes. Ele não precisava entender de economia, tinha apenas que coordenar o grupo. E foi o que fez. O processo seria longo, levou os planos de  sua turma para Itamar e o Homem do Topete topou. E por isso Itamar Franco entrou para a história: foi MACHO o suficiente para bancar o plano. FHC não seria ninguém se Itamar não tivesse aceitado a ideia. Por isso, ITAMAR FRANCO FOI O PAI DO PLANO REAL.

Primeiro inventaram a URV. Lembram? Eu lembro, foi a indexação suprema, a tal URV (Unidade Real de Valor) subia todo dia, então comércio e indústrias vendiam tudo em URV, em não em Cruzeiro-Real (moeda da época). Aí, um belo dia (01/07/1994, há dezessete anos) a URV virou REAL. Pronto, acabou-se. E vivemos felizes para sempre até hoje, com a economia estável (com alguns sustos, mas quem não pega uma gripe de vez em quando?)


Com o sucesso do Plano Real, o candidato natural de Itamar para sucedê-lo só poderia ser FHC, que ao ser eleito mandou não só o povo esquecer o que escreveu, mas também tentou de tudo para que esquecessem que Itamar existiu. Com FHC vieram escândalos, privataria e um governo insensível às camadas populares.

Itamar tinha muitos defeitos, mas a qualquer denúncia, sempre afastava o acusado. Com a improcedência das denúncias, o acusado (agora inocentado) voltava. Foi o caso de seu melhor amigo, Henrique Hargreaves (Casa Civil, a amaldiçoada): o cara foi acusado de malfeitorias e imediatamente afastado. Como as denúncias não foram provadas, o político reassumiu o cargo, com direito a tapete vermelho e tudo!

Como era bom ter um presidente sério e honesto...


Mas também Itamar aprontou das suas. Ninguém merecia o FUSCA voltar a ser fabricado. O Topetudo pediu (queria um carro BARATIM para o povão e a Volks atendeu). Mas o besouro voltou custando quase o mesmo que Corsa e Uno e rapidamente voltou para debaixo da terra. Em seu governo, os carros populares  com seus motores raquíticos 1.0 ganharam isenção quase total de IPI e estão aí até hoje.

E, como sempre, putaria não poderia ficar de fora. Lilian Ramos, ao lado do presidente, foi fotografada sem calcinha. Se o Homem do Topete conferiu o material ao vivo, ninguém sabe. Mas fez a festa das revistas na época.


Enfim, Itamar Franco entrará para a história pela porta da frente. Descanse em paz!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Japoneses desaprendendo a desenhar carros?

Uma criatura maledicente vai dizer que eles nunca aprenderam, mas deixa pra lá...

A verdade é que as montadoras japonesas divulgaram dois lançamentos em que o design, se não é exatamente bonito, está longe de agradar a todos...

Perua Fit

A Fit Shuttle (Ou Fit SHIT como um malvado tá dizendo aqui) era pra ser uma Perua Fit. Mas por questões orçamentárias ou se por influência de muito sakê, fizeram uma traseira no mínimo exótica...


A traseira até que dá pra engolir. Mas essa lateral está no mínimo estranha... Dizem que é a MUDERNIDADY, mas acho que é gambiarra mesmo! As portas de trás são as mesmas do Fit Hatch, notem como está pequena e desproporcional.

Novas Hilux picape e SW

Quando a Hilux mudou completamente em 2005, estourou em vendas. Finalmente os utilitários da Toyota deixaram a brutalidade (e feiúra?) de lado e adotaram um design mais parecido com carro.

Mas eis que agora, algum CAFUÇU japonês do bilau pequeno resolveu encher a frente da picape e da SW de cromados...

Até a traseira ficou exagerada. Pra que isso tudo? Essa cara de caminhão malajambrado? Essas demonstrações de poder, de imponência às vezes escondem, como eu disse, um bilau pequeno (quem assistiu "Uma Babá Quase Perfeita" deve lembrar da ironia com a estrela do capô de uma Mercedes)

E não devemos esquecer desse Nissan aqui, o JUKE... cruzamento do Daileon do Jaspion com um Digimon...


Nem precisa ir muito longe. A mexida na traseira do Corolla brasileiro deixou o carro no mínimo desarmônico (ia dizer FEIO mesmo, mas hoje estou bonzinho). E morra quem não concordar.

Automóveis: o Lucro Brasil - Parte 1


Este artigo foi tirado do Blog http://omundoemmovimento.blog.uol.com.br/


Coloquei aqui do mesmo jeito que foi publicado lá. 
Eu já sabia de tudo isso. Talvez agora, com o grande público ficando ciente, alguma coisa mude...

Parte 1: Lucro Brasil faz o consumidor pagar o carro mais caro do mundo

O Brasil tem o carro mais caro do mundo. Por quê? Os principais argumentos das montadoras para justificar o alto preço do automóvel vendido no Brasil são a alta carga tributária e a baixa escala de produção. Outro vilão seria o “alto valor da mão de obra”, mas os fabricantes não revelam quanto os salários – e os benefícios sociais - representam no preço final do carro. Muito menos os custos de produção, um segredo protegido por lei.
A explicação dos fabricantes para vender no Brasil o carro mais caro do mundo é o chamado Custo Brasil, isto é, a alta carga tributária somada ao custo do capital, que onera a produção. Mas as histórias que você verá a seguir vão mostrar que o grande vilão dos preços é, sim, o Lucro Brasil. Em nenhum país do mundo onde a indústria automobilística tem um peso importante no PIB, o carro custa tão caro para o consumidor.
A indústria culpa também o que chama de Terceira Folha pelo aumento do custo de produção: gastos com funcionários, que deveriam ser papel do estado, mas que as empresas acabam tendo que assumir, como condução, assistência médica e outros benefícios trabalhistas.
Com um mercado interno de um milhão de unidades em 1978, as fábricas argumentavam que seria impossível produzir um carro barato. Era preciso aumentar a escala de produção para, assim, baratear os custos dos fornecedores e chegar a um preço final no nível dos demais países produtores.
Pois bem: o Brasil fechou 2010 como o quinto maior produtor de veículos do mundo e como o quarto maior mercado consumidor, com 3,5 milhões de unidades vendidas no mercado interno e uma produção de 3,638 milhões de unidades.
Três milhões e meio de carros não seria um volume suficiente para baratear o produto? Quanto será preciso produzir para que o consumidor brasileiro possa comprar um carro com preço equivalente ao dos demais países?
Segundo Cledorvino Belini, presidente da Anfavea, “é verdade que a produção aumentou, mas agora ela está distribuída em mais de 20 empresas, de modo que a escala continua baixa”. Ele elegeu um novo patamar para que o volume possa propiciar uma redução do preço final: cinco milhões de carros.  
A carga tributária caiu e o preço do carro subiu
O imposto, o eterno vilão, caiu nos últimos anos. Em 1997, o carro 1.0 pagava 26,2% de impostos, o carro com motor até 100cv recolhia 34,8% (gasolina) e 32,5% (álcool). Para motores mais potentes o imposto era de 36,9% para gasolina e 34,8% a álcool.
Hoje – com os critérios alterados – o carro 1.0 recolhe 27,1%, a faixa de 1.0 a 2.0 paga 30,4% para motor a gasolina e 29,2% para motor a álcool. E na faixa superior, acima de 2.0, o imposto é de 36,4% para carro a gasolina e 33,8% a álcool.
Quer dizer: o carro popular teve um acréscimo de 0,9 ponto percentual na carga tributária, enquanto nas demais categorias o imposto diminuiu: o carro médio a gasolina paga 4,4 pontos percentuais a menos. O imposto da versão álcool/flex caiu de 32,5% para 29,2%. No segmento de luxo, o imposto também caiu: 0,5 ponto no carro e gasolina (de 36.9% para 36,4%) e 1 ponto percentual no álcool/flex.
Enquanto a carga tributária total do País, conforme o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, cresceu de 30,03% no ano 2000 para 35,04% em 2010, o imposto sobre veículo não acompanhou esse aumento.
Isso sem contar as ações do governo, que baixaram o IPI (retirou, no caso dos carros 1.0) durante a crise econômica. A política de incentivos durou de dezembro de 2008 a abril de 2010, reduzindo o preço do carro em mais de 5% sem que esse benefício fosse totalmente repassado para o consumidor.
As montadoras têm uma margem de lucro muito maior no Brasil do que em outros países. Uma pesquisa feita pelo banco de investimento Morgan Stanley, da Inglaterra, mostrou que algumas montadoras instaladas no Brasil são responsáveis por boa parte do lucro mundial das suas matrizes e que grande parte desse lucro vem da venda dos carros com aparência fora-de-estrada. Derivados de carros de passeio comuns, esses carros ganham uma maquiagem e um estilo aventureiro. Alguns têm suspensão elevada, pneus de uso misto, estribos laterais. Outros têm faróis de milha e, alguns, o estepe na traseira, o que confere uma aparência mais esportiva.  
A margem de lucro é três vezes maior que em outros países
O Banco Morgan concluiu que esses carros são altamente lucrativos, têm uma margem muito maior do que a dos carros dos quais são derivados. Os técnicos da instituição calcularam que o custo de produção desses carros, como o CrossFox, da Volks, e o Palio Adventure, da Fiat, é 5 a 7% acima do custo de produção dos modelos dos quais derivam: Fox e Palio Weekend. Mas são vendidos por 10% a 15% a mais.
O Palio Adventure (que tem motor 1.8 e sistema locker), custa R$ 52,5 mil e a versão normal R$ 40,9 mil (motor 1.4), uma diferença de 28,5%. No caso do Doblò (que tem a mesma configuração), a versão Adventure custa 9,3% a mais.
O analista Adam Jonas, responsável pela pesquisa, concluiu que, no geral, a margem de lucro das montadoras no Brasil chega a ser três vezes maior que a de outros países.
O Honda City é um bom exemplo do que ocorre com o preço do carro no Brasil. Fabricado em Sumaré, no interior de São Paulo, ele é vendido no México por R$ 25,8 mil (versão LX). Neste preço está incluído o frete, de R$ 3,5 mil, e a margem de lucro da revenda, em torno de R$ 2 mil. Restam, portanto R$ 20,3 mil.
Adicionando os custos de impostos e distribuição aos R$ 20,3 mil, teremos R$ 16.413,32 de carga tributária (de 29,2%) e R$ 3.979,66 de margem de lucro das concessionárias (10%). A soma dá R$ 40.692,00. Considerando que nos R$ 20,3 mil faturados para o México a montadora já tem a sua margem de lucro, o “Lucro Brasil” (adicional) é de R$ 15.518,00: R$ 56.210,00 (preço vendido no Brasil) menos R$ 40.692,00.
Isso sem considerar que o carro que vai para o México tem mais equipamentos de série: freios a disco nas quatro rodas com ABS e EBD, airbag duplo, ar-condicionado, vidros, travas e retrovisores elétricos. O motor é o mesmo: 1.5 de 116cv.
Será possível que a montadora tenha um lucro adicional de R$ 15,5 mil num carro desses? O que a Honda fala sobre isso? Nada. Consultada, a montadora apenas diz que a empresa “não fala sobre o assunto”.
Na Argentina, a versão básica, a LX com câmbio manual, airbag duplo e rodas de liga leve de 15 polegadas, custa a partir de US$ 20.100 (R$ 35.600), segundo o Auto Blog.
Já o Hyundai ix35 é vendido na Argentina com o nome de Novo Tucson 2011 por R$ 56 mil, 37% a menos do que o consumidor brasileiro paga por ele: R$ 88 mil. 

Automóveis: o Lucro-Brasil - Parte 2


Este artigo foi tirado do Blog http://omundoemmovimento.blog.uol.com.br/


Coloquei aqui do mesmo jeito que foi publicado lá. 
Eu já sabia de tudo isso. Talvez agora, com o grande público ficando ciente, alguma coisa mude...

Parte 2: Por que o carro é mais barato na Argentina e no Chile?


- Veja o que as montadoras falam (e o que não falam) sobre o assunto
- O Lucro Brasil não fica só na montadora, mas em toda a cadeia produtiva
A ACARA, Associacion de Concessionários de Automotores De La Republica Argentina, divulgou no congresso dos distribuidores dos Estados Unidos (N.A.D.A), em São Francisco, em fevereiro deste ano, os valores comercializados do Corolla em três países:
No Brasil o carro custa US$ 37.636,00, na Argentina US$ 21.658,00 e nos EUA US$ 15.450,00.
Outro exemplo de causar revolta: o Jetta é vendido no México por R$ 32,5 mil. No Brasil esse carro custa R$ 65,7 mil.
Por que essa diferença? Vários dirigentes foram ouvidos com o objetivo de esclarecer o “fenômeno”. Alguns “explicaram”, mas não justificaram. Outros se negaram a falar do assunto.
Quer mais? O Gol I-Motion com airbags e ABS fabricado no Brasil é vendido no Chile por R$ 29 mil. Aqui custa R$ 46 mil.
O Corolla não é exceção. O Kia Soul, fabricado na Coréia, custa US$ 18 mil no Paraguai e US$ 33 mil no Brasil. Não há imposto que justifique tamanha diferença de preço. 
A Volkswagen não explica a diferença de preço entre os dois países. Solicitada pela reportagem, enviou o seguinte comunicado:
“As principais razões para a diferença de preços do veículo no Chile e no Brasil podem ser atribuídas à diferença tributária e tarifária entre os dois países e também à variação cambial”.
Questionada, a empresa enviou nova explicação:
“As condições relacionadas aos contratos de exportação são temas estratégicos e abordados exclusivamente entre as partes envolvidas”.
Nenhum dirigente contesta o fato de o carro brasileiro ser caro. Mas o assunto é tão evitado que até mesmo consultores independentes não arriscam a falar, como o nosso entrevistado, um ex-executivo de uma grande montadora, hoje sócio de uma consultoria, e que pediu para não ser identificado.
Ele explicou que no segmento B do mercado, onde estão os carros de entrada, Corsa, Palio, Fiesta, Gol, a margem de lucro não é tão grande, porque as fábricas ganham no volume de venda e na lealdade à marca. Mas nos segmentos superiores o lucro é bem maior.
O que faz a fábrica ter um lucro maior no Brasil do que no México, segundo consultor, é o fato do México ter um “mercado mais competitivo” (?).
Um dirigente da Honda, ouvido em off, responsabilizou o “drawback”, para explicar a diferença de preço do City vendido no Brasil e no México. O “drawback” é a devolução do imposto cobrado pelo Brasil na importação de peças e componentes importados para a produção do carro. Quando esse carro é exportado, o imposto que incidiu sobre esses componentes é devolvido, de forma que o “valor base” de exportação é menor do que o custo industrial, isto é: o City é exportado para o México por um valor menor do que os R$ 20,3 mil. Mas quanto é o valor dos impostos das peças importadas usadas no City feito em Sumaré? A fonte da Honda não responde, assim como outros dirigentes da indústria se negam a falar do assunto.
Mas quanto poderá ser o custo dos equipamentos importados no City? Com certeza é menor do que a diferença de preço entre o carro vendido no Brasil e no México (R$ 15 mil).
A conta não bate e as montadoras não ajudam a resolver a equação. Apesar da grande concorrência, nenhuma das montadoras ousa baixar os preços dos seus produtos. Uma vez estabelecido, ninguém quer abrir mão do apetitoso “Lucro Brasil”.
Ouvido pela AutoInforme, quando esteve em visita a Manaus, o presidente mundial da Honda, Takanobu Ito, respondeu que, retirando os impostos, o preço do carro no Brasil é mais caro que em outros países porque “aqui se pratica um preço mais próximo da realidade. Lá fora é mais sacrificado vender automóveis”.
Ele disse que o fator câmbio pesa na composição do preço do carro no Brasil, mas lembrou que o que conta é o valor percebido. “O que vale é o preço que o mercado paga”.
E porque o consumidor brasileiro paga mais do que os outros?
“Eu também queria entender – respondeu Takanobu Ito – a verdade é que o Brasil tem um custo de vida muito alto. Até os sanduíches do McDonalds aqui são os mais caros do mundo”.
“Se a moeda for o Big Mac – confirmou Sérgio Habib, que foi presidente da Citroën e hoje é importador da chinesa JAC - o custo de vida do brasileiro é o mais caro do mundo. O sanduíche custa US$ 3,60 lá e R$ 14,00 aqui”. Sérgio Habib investigou o mercado chinês durante um ano e meio à procura por uma marca que pudesse representar no Brasil. E descobriu que o governo chinês não dá subsídio à indústria automobilística; que o salário dos engenheiros e dos operários chineses não são menores do que os dos brasileiros.
“Tem muita coisa errada no Brasil – disse Habib, não é só o preço do carro que é caro. Um galpão na China custa R$ 400,00 o metro quadrado, no Brasil custa R$ 1,2 mil. O frete de Xangai e Pequim custa US$ 160,00 e de São Paulo a Salvador R$ 1,8 mil”.
Para o presidente da PSA Peugeot Citroën, Carlos Gomes, os preços dos carros no Brasil são determinados pela Fiat e pela Volkswagen. “As demais montadoras seguem o patamar traçado pelas líderes, donas dos maiores volumes de venda e referência do mercado”, disse.
Fazendo uma comparação grosseira, ele citou o mercado da moda, talvez o que mais dita preço e o que mais distorce a relação custo e preço:
“Me diga, por que a Louis Vuitton deveria baixar os preços das suas bolsas?”, questionou.
Ele se refere ao “valor percebido” pelo cliente. É isso que vale.
“O preço não tem nada a ver com o custo do produto. Quem define o preço é o mercado”, disse um executivo da Mercedes-Benz, para explicar porque o brasileiro paga R$ 265.00,00 por uma ML 350, que nos Estados Unidos custa o equivalente a R$ 75 mil.
“Por que baixar o preço se o consumidor paga?”, explicou o executivo.
Amanhã a terceira e última parte da reportagem especial LUCRO BRASIL: “Quando um carro não tem concorrente direto, a montadora joga o preço lá pra cima. Se colar, colou”.

Automóveis: o Lucro-Brasil - Parte 3

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Eu já sabia de tudo isso. Talvez agora, com o grande público ficando ciente, alguma coisa mude...

Parte 3: Tem muita gordura pra queimar

A Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, apresentou ontem (29) o seu Estudo de Competitividade no Setor Automobilístico, para mostrar ao governo o que considera uma “injusta concorrência” da indústria instalada no Brasil em relação aos importadores. 
Cledorvino Belini, presidente da entidade, responsabiliza os custos dos insumos pelo alto preço do carro feito no Brasil. Disse que o aço custa 50% mais caro no Brasil em relação a outros países e que a energia no País é uma das mais caras do mundo. 
Os fabricantes consideram que o custo dos insumos encarece e prejudica a competitividade da indústria nacional. “O aço comprado no Brasil é 40% mais caro do que o importado da China, que usa minério de ferro brasileiro para a produção”, disse Belini. Ele apontou também os custos com a logística como um problema da indústria nacional e criticou a oneração do capital: “É preciso que o governo desonere o capital nos três setores: cadeia produtiva, na infraestrutura e na exportação de tributos”. 
Mas para os importadores, o que os fabricantes querem é se defender de uma queda na participação das vendas internas, o que vem acontecendo desde a abertura do mercado, há duas décadas. 
“As montadoras tradicionais tentam evitar a perda de participação tanto para as novas montadoras quanto para as importadoras”, disse José Carlos Gandini, presidente da Kia e da Abeiva, a associação dos importadores de veículos. “Mas o dólar é o mesmo pra todo mundo. As montadoras também compram componentes lá fora.” 
Gandini disse que os carros importados já são penalizados; que as fábricas instaladas aqui estão protegidas por uma alíquota de 35% aplicada no preço do carro estrangeiro, por isso não se trata de uma concorrência desleal: “ao contrário, as grandes montadoras não querem é abrir mão da margem de lucro”. 
Na verdade, o setor tem (muita) gordura pra queimar, tanto às fábricas instaladas aqui quanto os importadores. O preço de alguns carros baixou até 20% ou 30% depois da crise econômica, por causa da grande concorrência. 
O Azera, da Hyundai, chegou a ser vendido por R$ 110 mil. Hoje custa R$ 70 mil. Claro que a importadora não está tendo prejuízo vendendo o carro por R$ 70 mil. Então, tinha um lucro adicional de R$ 40 mil, certo? Se você considerar que o carro paga mais 35% de alíquota de importação, além de todos os impostos pagos pelos carros feitos no Brasil, dá pra imaginar o lucro das montadoras. 
Um exemplo recente revela que o preço pode ser remanejado de acordo com as condições do mercado: uma importadora fez um pedido à matriz de um novo lançamento, mas foi apenas parcialmente atendida, recebeu a metade do volume solicitado. Então, “reposicionou” o carro para um patamar de preço superior, passando de R$ 75 mil para R$ 85 mil. 
A GM chegou a vender um lote do Classic com desconto de 35% para uma locadora paulista, segundo um ex-executivo da locadora em questão.
Entre os carros fabricados aqui, Fiesta, C3, Línea receberam mais equipamentos e baixaram os preços, depois da chegada dos chineses, que vieram completos e mais baratos que os concorrentes. 
Um consultor explicou como é feita a formação do preço: ao lançar o carro, o fabricante verifica a concorrência. Caso não tenha referência no mercado, posiciona o preço num patamar superior. Se colar, colou. Caso contrário passa a dar bônus para a concessionária até reposicionar o produto num preço que o consumidor está disposto a pagar. 
A propósito, a estratégia vale para qualquer produto, de qualquer setor. 
Mini no tamanho, big no preço 
Míni Cooper, Cinquecento e Smart, são conceitos diferentes de um carro comum: embora menores do que os carros da categoria dos pequenos, eles proporcionam mais conforto, sem contar o cuidado e o requinte com que são construídos. São carros chiques, equipados, destinados a um público que quer se exibir, que quer estar na moda, que paga R$ 50 ou R$ 60 mil por um carro menor do que o Celta, que custa R$ 30 mil. 
O Smart (R$ 50 mil) tem quatro airbags, ar-condicionado digital, freios ABS com EBD, controle de tração e controle de estabilidade. O Cinquencento (R$ 60 mil) vem com sete airbags, banco de couro, ar-condicionado digital, teto solar, controle de tração. E quem comprar o minúsculo Míni Cooper vai pagar a pequena fortuna de R$ 105 mil. 
Mesmo com todos esses equipamentos, os preços desses carros são muito altos, incomparáveis com os preços dos mesmos carros em seus países de origem. (A Fiat vai lançar no mês que vem o Cinquecento feito nom México, o que deve baratear o preço final.) 
Os chineses estão mudando esse quadro. O QQ, da Chery, vem a preço de popular mesmo recheado de equipamentos, alguns deles inexistentes mesmo em carros de categoria superior, como airbag duplo e ABS, além de CD Player, sensor de estacionamento. O carro custa R$ 22.990,00, isso porque o importador sofreu pressão das concessionárias para não baixar o preço ainda mais. 
“A idéia original – disse o presidente da Chery no Brasil, Luiz Curi – era vender o QQ por R$ 19,9 mil”. Segundo Curi, o preço do QQ poderá chegar a menos de R$ 20 mil na versão 1.0 flex, que chega no ano que vem. Hoje o carro tem motor 1.1 litro e por isso recolhe o dobro do IPI do 1000cc, ou 13%, isso além dos 35% de Imposto de Importação. 
Por isso não dá para acreditar que as montadoras têm “um lucro de R$ 500,00 no carro de 1000cc”, como costumam alardear alguns fabricantes.
Tem é muita gordura pra queimar 
As fábricas reduzem os custos com o aumento da produção, espremem os fornecedores, que reclamam das margens limitadas, o governo reduz impostos, como fez durante a crise, as vendas explodem e o Brasil se torna o quarto maior mercado consumidor e o sexto maior produtor. E o Lucro Brasil permanece inalterado, obrigando o consumidor a comprar o carro mais caro do mundo.